Seguro de vida resgatável: por que sou contra o produto e não recomendo sua contratação

Dentro de determinados portfólios de seguradoras, encontramos um produto chamado seguro de vida resgatável.

É um tipo de seguro de vida que tem ganhado força no mercado nos últimos tempos.

A princípio, a proposta parece bem interessante, não é mesmo?

Protejo meus dependentes econômicos e ainda receberei um retorno financeiro no futuro, caso o seguro não seja acionado durante sua vigência ou mesmo cancelado prematuramente.

Pois não é bem assim. E aqui expresso minha visão a respeito.

Por que sou contra o seguro de vida resgatável?

Tenho argumentado com insistência que o seguro de vida resgatável deseduca o consumidor de seguros.

Deseduca o consumidor porque incentiva-se que o retorno de parte do prêmio pago, algo não relacionado ao objetivo central do seguro de vida, passe a ser visto como um critério primário para escolher o produto.

E os problemas não param por aí.

É desanimador, por exemplo, ver um comercial do mercado de seguros que, aproveitando a existência do resgate no produto, afirma em alto e bom som a um cliente que aquele seguro de vida é um investimento.

Um apelo comercial enganoso, que promove desinformação.

Porque seguro não é e nunca foi investimento.  

Seguro, seja ele de vida ou não, serve apenas a um objetivo: repor perdas.

Nenhum seguro pode ser concebido na intenção de prover ganho financeiro ao seu titular ou terceiro, pois se assim for o contrato se torna ilegítimo.

Um de meus professores na Escola de Negócios e Seguros, também contrário a esse modelo de produto, dizia que o seguro de vida resgatável é “seguro de vida do egoísta”.

Dizia ele que a opção pelo produto demonstra que o segurado está sendo atraído por uma (suposta) vantagem financeira em vida, ao invés de visar tão somente a proteção de dependentes financeiros em sua ausência.

Além de distorcer o real e principal objetivo de um seguro de vida, o seguro de vida resgatável acaba por entregar uma ilusão de rentabilidade ao seu titular, que, por não fazer cálculos básicos de juros na hora da contratação, acredita que aquele valor retornado terá algum poder de compra relevante no médio e longo prazo.

Está em busca de constituir reserva financeira para o futuro? Então recorra a uma previdência privada ou outros instrumentos de investimento.

Quer respaldar seus dependentes financeiros em caso de sua falta? Então contrate um seguro de vida. 

Mais importante que vender seguros é propagar a cultura do seguro de forma correta e ética, com informações verídicas e táticas comerciais sensatas.

2 comentários em “Seguro de vida resgatável: por que sou contra o produto e não recomendo sua contratação

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