Entrevista: Fábio Dias – O Seguro Rural no atual cenário do agronegócio brasileiro

Hoje o blog entrevista Fábio Dias, profissional do mercado de seguros com mais de 20 anos de experiência, tendo atuado na área comercial de diversos ramos de seguro e em companhias de renome, como Allianz, Mapfre e Unibanco-AIG.

Fábio Dias
Fábio Dias

Possui experiência com corretores dos mais variados portes e nos últimos 5 anos esteve focado em corretores multinacionais, além de canais de distribuição de seguros massificados. 

Coordenou os cursos de Gestão de Negócios Securitários, Relações Internacionais, Tecnólogos em RH, Marketing e Logística na Universidade Anhanguera e atualmente é docente nesta mesma instituição em variadas disciplinas.

É também Professor na unidade de São Paulo da Escola de Negócios e Seguros, onde leciona desde 2010. 

Atualmente é Diretor da Fend Corretora de Seguros, especializada em seguros voltados para o agronegócio.

Fábio, é uma satisfação trazê-lo ao blog. 

F. D.: Agradeço a oportunidade, é um prazer.

Na sua visão, o que torna o Seguro Rural tão importante no contexto do agronegócio brasileiro?

F. D.: O seguro é importante primeiro para o produtor rural manter seus investimentos protegidos, para que possam continuar solventes e plantando.

Além disso, se manterão adimplentes com as Cooperativas, revendas, enfim os fornecedores de insumos, que muitos produtores precisam destes players para terem acesso aos produtos necessários para plantarem.

Isso se falando em seguros de lavouras, mas temos também os seguros dos equipamentos, que na grande parte são feitos seguros daqueles que são financiados, porém os equipamentos, como trator, colheitadeiras, ou mesmo implementos que os produtores tenham comprado à vista ou tenham quitado, eles não fazem mais seguro e o índice de roubo e incêndio são consideráveis.

Por que as cifras de arrecadação de prêmios do Seguro Rural ainda são pequenas se comparadas ao montante que o agronegócio movimenta no país? Há alguma resistência por parte do público-alvo desse seguro ou o mercado segurador ainda não trabalha o produto de forma adequada?

F. D.: São baixas por diversos pontos, sendo alguns deles: produtores rurais que não sabem que existe o seguro, outros que acham o seguro caro e inviável, alguns não confiam no seguro, pois acham que a seguradora vende o produto mas não indeniza, outros entendem que as produtividades garantidas são baixas.

No entanto, seja qual for o pensamento do produtor, temos que fazer nosso trabalho e levar informação e mostrar que o seguro tem sim viabilidade e importância e os números de sinistros indenizados demonstram isso com muita precisão.

Alguns setores do mercado afirmam que um grande desafio para o Seguro Rural é a obtenção de dados e informações de qualidade para uma melhor precificação do produto. Isso procede? Se sim, já existe alguma solução para isso?

F. D.: É verdade sim, porém o volume de informações e dados estatísticos ainda são insuficientes para que as precificações sejam precisas.

Cada seguradora tem feito seu dever de casa, juntamente com outros players no setor, com o intuito de sanar esses GAPs de dados que com certeza irá melhora muito o entendimento do seguro, seus riscos e melhorará as precificações.

O Ministério da Economia está propondo mudanças no Proagro, sendo uma delas a retirada do Tesouro Nacional da posição de entidade garantidora das operações, visando delegar o risco das safras para seguradoras privadas e direcionar o auxílio governamental através de maiores subsídios nos prêmios. Qual sua posição sobre essa proposta?

F. D.: Acho justo, pois o governo mantém sob sua tutela os produtores que se enquadram no Proagro e os demais ele deixa a critério de cada um buscar opções junto às seguradoras.

Ocorre também que o governo não tem uma precificação com base atuarial no Proagro, tornando o programa ineficiente.

Com a passagem do risco para o setor privado, os produtores terão mais agilidade nos processos de indenizações, passando a dar maior credibilidade, confiança e fôlego financeiro aos produtores.

Como o mercado segurador brasileiro pode estar melhor preparado na questão da capacidade de aceitação de riscos ligados ao agronegócio, considerando um cenário de maior procura pelo produto?

F. D.: O mercado tem crescido. Hoje são 11 seguradoras atuando no segmento e se profissionalizando cada vez mais.

Isso também se deve a quebra do monopólio do IRB e a entrada de novos resseguradores, que vieram com muito know-how no segmento e assim exigindo maior preparo por parte das seguradoras e os corretores atentos aos setores com potencial de crescimento e nichos específicos, buscando conhecer e fomentar mais negócios.

Faça suas considerações finais.

F. D.: De modo geral, o mercado de seguros rurais possui uma demanda reprimida grande, porém aos poucos o mercado vem passando por mudanças que tantos os produtores rurais como as seguradoras, corretores, estão se moldando as mudanças e com isto o volume de negócios aumenta.

Além disso, as adversidades climáticas também tem levado os produtores ou seus fornecedores de insumos a buscarem alternativas para se proteger, pois as lavouras são fábricas a céu aberto e sofrem sem que seja possível proteger, por conta do clima.

Com isso, a melhor forma de mitigação das perdas será a contratação dos seguros.

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