Hoje resolvi falar de um assunto que pode despertar certa polêmica.
Em grupos de redes sociais, vejo com frequência corretores de seguros reclamando dos dissabores do cotidiano operacional que os seguros tradicionais proporcionam, bem como as baixas comissões fornecidas por esses seguros.
Com isso, faço aqui uma provocação:
Atualmente, vale a pena ter um seguro tradicional como carro-chefe em uma corretora de seguros?
A minha resposta pode ser um tanto desanimadora: não.
Eu honestamente fiquei muito cético em relação a essa possibilidade. Entendo que o mercado dos seguros tradicionais (auto, empresarial, residencial, etc.) está absurdamente saturado e sendo dominado por grandes players que não demonstram qualquer sinal de esgotamento ou cessar-fogo.
Em razão do volume de negócios e capital que possuem, esses players não veem problema em trabalhar com o mais baixo patamar de comissionamento (além de, em alguns casos, terem direito a condições melhores fornecidas pela própria seguradora, uma prática que, se analisada de forma atenta, pode ser classificada como nociva ao mercado, pois desestimula seus participantes).
Mesmo que de forma involuntária, eles acabam nivelando por baixo todo o comissionamento de um seguro auto, por exemplo.
É, sem sombra de dúvida, uma concorrência em nível de desigualdade, algo existente em qualquer mercado.
Com isso, o corretor de pequeno e médio porte se vê forçado a aderir à manada que pratica comissões baixas para apresentar prêmios competitivos e conseguir negócios (e ainda sem a certeza de que conseguirá).
E se somarmos tudo isso às iniciativas de algumas seguradoras de efetuarem a comercialização direta de seguros através de plataformas próprias (sites de campanhas, SMS, e-mail marketing), a situação do corretor que não integra o alto escalão do mercado se torna mais problemática ainda.
O que penso
Na minha visão, os corretores de pequeno e médio porte que quiserem sobreviver a esse cenário adverso devem direcionar o foco para seguros mais técnicos e específicos.
Nesses seguros, existem maiores chances de apresentar diferenciais de atendimento e conhecimento sobre o produto que está sendo ofertado.
Seguro agrícola, seguros do segmento de garantias, seguros ligados ao setor logístico, seguro de crédito, seguro de riscos de engenharia, seguros de responsabilidade civil e técnica e tantos outros: o universo é muito extenso.
Não defendo que se abandone de forma repentina os seguros tradicionais, mas creio que é perfeitamente possível realizar uma migração progressiva e gradual para outras nuances do mercado segurador.
Adentrar ramos de seguro atualmente estigmatizados pelo mercado de corretagem de seguros pode ser uma interessante saída.