Na tarde do dia 25, uma barragem da mina Córrego do Feijão, de propriedade da mineradora Vale do Rio Doce, localizada em Brumadinho (MG), se rompeu.
A avalanche de rejeitos de minérios de ferro que estavam até então contingenciados atingiu as instalações da área administrativa da empresa e a comunidade da Vila Ferteco, próxima ao local, deixando mortos, feridos e desaparecidos.
A barragem que rompeu foi construída em 1976 e tinha um volume de 12,7 milhões de m³.
De acordo com a apuração feita pelo Estadão, a Vale possui uma apólice de seguro property com o risco distribuído entre as companhias Chubb, Mapfre e Swiss Re. A corretora de seguros detentora da apólice é a Aon e o resseguro está com o IRB Brasil Re.
Na parte de seguros de pessoas, a Bradesco Seguros detém a apólice de vida em grupo, que indenizará as famílias das vítimas em dobro, pelo fato das mortes terem sido acidentais.
O foco da discussão no mercado segurador deve ser a apólice de responsabilidade civil, que está nas mãos da Allianz e com resseguro fornecido pelo grupo por intermédio da ACGS. A corretagem dessa apólice é da Willis.
Muito provavelmente os valores de cobertura contratados nessa apólice devem ser insuficientes, em razão da extensão dos danos e das iminentes e inevitáveis ações judiciais coletivas contra a Vale, o que irá culminar no aumento da responsabilização da companhia.
Devemos, ainda, acompanhar com atenção como o mercado segurador vai reagir futuramente em termos operacionais com os grandes riscos que venham a ser propostos a ele.
Tudo indica que o porte, os altos valores das indenizações e a repercussão dos sinistros de Brumadinho, bem como sua ocorrência em um curto espaço de tempo em relação ao de Mariana, devem abalar significativamente o apetite da totalidade do mercado por riscos ligados, direta ou indiretamente, à atividade de mineração.
O evento foi também um estopim para um debate na comunidade de engenharia sobre a efetividade das vistorias técnicas realizadas para atestar a segurança de barragens.
O resultado disso pode ser o surgimento de novas metodologias e maior rigidez e criteriosidade nesses procedimentos, o que vai influenciar no modo como o mercado enxerga e analisa esses riscos, já que a atividade vistoriadora é parte integrante do cotidiano operacional das seguradoras.
Vale mencionar também os possíveis impactos na esfera do seguro D&O, que protege o patrimônio pessoal de diretores e executivos em caso de demandas judiciais oriundas de atos exercidos em posições de gestão, já que há uma possibilidade considerável para a responsabilização de pessoas-chave da companhia.