A próxima crise econômica mundial terá origem na China?

O modelo econômico chinês possui alguns pilares bem definidos: forte participação do Estado na economia, alta oferta de crédito de bancos estatais, protecionismo e programas de subsídios a setores da indústria, além de uma desvalorização cambial como forma de colocar as suas exportações a preços competitivos no mercado internacional.

Mesmo que algumas menções elogiosas sejam feitas ao astronômico crescimento chinês, pairam dúvidas sobre a sustentabilidade do modelo que o torna possível.

A vertente de analistas econômicos oriundos da escola austríaca de economia, defensora ferrenha do liberalismo econômico na concepção clássica, costuma tecer críticas contundentes ao modelo.

Chamo a atenção para o grau de endividamento do país, parâmetro importante ao avaliar questões ligadas ao risco. Em 2017, a dívida interna chinesa cresceu 20,4%, um aumento assombroso num curto espaço de tempo.

Países com alto grau de endividamento costumam entrar em situação problemática com a desaceleração econômica (que prejudica a capacidade de arrecadação do Estado) e caso os investidores passem a não enxergar um horizonte para uma adequada rolagem da dívida ou diminuição do seu patamar através de ajustes fiscais promovidos pelo governo.

Outra questão a mencionar é a taxa de juros chinesa, sempre mantida em um patamar baixo.

É sabido que quando a taxa de juros de um país está em um nível considerado baixo, aumenta-se a oferta de crédito junto aos agentes privados.

No entanto, como contrapartida, o investimento em títulos da dívida do governo se torna menos atraente para esses mesmos agentes privados, reduzindo assim a eficiência da rolagem da dívida.

O primeiro sinal de esgotamento do modelo chinês deve ser denunciado através de uma inflação considerável.

Em um dado momento, a atividade econômica deve desacelerar pelo fato de investidores voltarem suas atenções para a dívida chinesa.

Com isso, haverá uma retração na oferta de bens e serviços. Se o BC chinês mantiver a taxa de juros em um patamar baixo, não mudando sua quase dogmática política expansionista, o resultado será inflação pela elevação do grau de liquidez da economia.

A China sempre mereceu atenção pela posição de protagonista que ocupa na economia mundial há décadas, mas também passará a ser vista com cautela pelo fato de ser identificada como uma possível catalisadora de uma crise econômica global.

É prudente o Brasil, muito dependente da economia chinesa para o seu êxito, se antecipar diante desse cenário hipotético, porém plausível.

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