No último domingo, dia 28, o Brasil elegeu Jair Bolsonaro (PSL) para o próximo mandato da Presidência da República, com 55,13% dos votos válidos no segundo turno, derrotando Fernando Haddad (PT).
O Presidente recém eleito toma posse apenas no dia 1º do próximo ano, mas as forças políticas estabelecidas do cenário internacional já se movimentam para definir seu posicionamento diplomático diante do novo cenário que se encontra em ascensão no Brasil.
Logo após a vitória de Bolsonaro, o Presidente Donald Trump, através do Twitter, sinalizou uma mudança na relação dos países, com uma mensagem que fala em cooperação comercial e militar.
Como o Brasil pode ser o novo pivô da disputa comercial entre Estados Unidos e China?
É sabido que a China é o país mais notório na balança comercial brasileira, sendo uma grande compradora de commodities do país, como a soja e o minério de ferro.
Os números divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços em 2017 evidenciam isso.

O agronegócio, protagonista na economia brasileira e responsável por suavizar os efeitos dos últimos anos de estagnação econômica, possui força graças ao poder de compra chinês. A demanda chinesa, mantida em nível adequado, catalisa o desenvolvimento e a produtividade do setor.
Os Estados Unidos, por sua vez, se posicionam logo atrás da China no ranking das exportações de 2017, de acordo com dados do mesmo ministério.

Com Trump na presidência, nós assistimos um desgaste considerável na relação dos Estados Unidos com os chineses por questões de comércio internacional, acentuando uma guerra comercial entre as duas potências.
Até o presente momento, é visível uma boa perspectiva para a relação Brasil-Estados Unidos com a eleição de Bolsonaro, pela clara semelhança ideológica de ambos e a sinalização de Trump supramencionada.
A depender da estratégia e audácia de Trump, o Presidente americano pode enxergar esse momento como uma oportunidade singular para fazer frente aos chineses, investindo em esforços diplomáticos para aproximar o Brasil dos Estados Unidos na questão comercial.
Dentro desse cenário hipotético, se a China der uma resposta contundente à movimentação americana e as duas maiores potências do mundo embarcarem em uma disputa comercial com o Brasil na posição de pivô, o país pode ser beneficiado com um ciclo de valorização dos seus produtos de exportação.
No entanto, há de se levar em consideração quão habilidosos serão os novos integrantes do Itamaraty para lidar com essa possível turbulência.