Na noite do último dia 2 de Setembro, um incêndio de grandes proporções tomou conta do Museu Nacional, localizado na região da Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro.
É um exemplo doloroso do que o descaso do poder público pode proporcionar a um país: a perda de sua própria história.
Mesmo com todas as inovações do nosso tempo, sempre precisaremos dos registros para nos certificarmos dos acontecimentos, para entender aquilo que já foi e não será nunca mais. Se os registros se vão, vão com eles a nossa história.
Nós, participantes do mercado segurador, incorremos às vezes na falsa ilusão de que tudo aquilo que está presente no nosso mundo é segurável.
A ilusão de que tudo, de alguma forma, pode ser colocado como objeto de uma apólice de seguro, ao ponto de uma indenização recompor por completo os prejuízos decorrentes de um sinistro.
Pois vimos que não é bem assim.
Temos, é verdade, seguros para obras de arte, que são soluções notáveis para esses artefatos históricos, além de outras que passam por um grau de personalização sofisticado para atender demandas muito específicas desse nicho.
No entanto, por mais notáveis que sejam, elas se limitam a indenizar o valor econômico ligado ao objeto segurado.
Nunca haverá solução securitária capaz de proteger aquilo que até pode ser intangível, mas que tem, sem dúvida alguma, uma importância incalculável: o valor histórico.
Valor histórico, pelo próprio significado intrínseco da expressão, nunca será algo passível de restauração.
Hoje é um dia triste para a tão combalida e escanteada cultura brasileira.