Hoje este blog realizou uma entrevista com Celso Zanchetta Jr., profissional formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e certificado como Profissional de Gerenciamento de Projetos pelo Project Management Institute (PMI).
No decorrer de sua trajetória profissional, já se envolveu de forma direta em projetos grandiosos de infraestrutura logística, como o Corredor Logístico Norte no Pará com a Hidrovias do Brasil, que consistiu na construção de uma Estação de Transbordo de Cargas em Miritituba e um Terminal de Uso Privado em Barcarena, e o VLT Carioca, um importante elemento no transporte urbano da cidade do Rio de Janeiro, além de vários outros projetos relevantes no Brasil e na América Latina.
Atualmente é CEO da Vortex Drones, uma promissora start-up de mapeamento de áreas através da utilização de drones e geoprocessamento de dados que atende demandas a nível nacional.
Celso, é um prazer trazê-lo ao blog.
C. Z.: O prazer é todo meu.
O que te levou a entrar no segmento de aviação com drones?
C. Z.: Como engenheiro civil de grandes obras eu sempre tive dificuldades em obter informações do andamento das obras ou mesmo informações para estudos preliminares. Os custos referentes à obtenção dessas informações sempre foram muito altos.
Com a utilização de drones, os custos de aquisição dessas informações passam a ser viáveis. Vendo que existia essa possibilidade, resolvi empreender nessa área, desenvolvendo tecnologia e procedimentos próprios.
Atualmente, como você enxerga a perspectiva para a utilização de equipamentos do gênero nas áreas de engenharia e agricultura?
C. Z.: Na engenharia, a utilização está cada vez mais aceita e os produtos sendo mais conhecidos. Claro que os drones têm suas limitações nos levantamentos, porém dado o custo do trabalho e a agilidade acaba sendo uma solução com um bom custo/beneficio.
Já na agricultura, os drones estão sendo largamente utilizados em culturas de grãos, com boas tecnologias já desenvolvidas. O próximo passo é desenvolver as tecnologias para fruticultura e até mesmo a aplicação de defensivos.
Quais os benefícios que as áreas supramencionadas podem auferir com métodos de mapeamento que utilizam essa tecnologia?
C. Z.: Como eu disse antes, a agilidade e o custo em relação aos levantamentos tradicionais permite que o pequeno agricultor ou empreendedor imobiliário possa contar com um aerolevantamento. Antes um aerolevantamento era limitado a obras muito grandes e normalmente realizado apenas uma ou duas vezes ao longo de toda a obra.
Existe no Brasil uma espécie de lacuna de conhecimento na área que tolhe a popularização dessa tecnologia?
C. Z.: Ainda existe muito preconceito com essa tecnologia, muitas vezes os drones ainda são vistos como brinquedos ou os clientes comparam o preço do serviço com o preço dos equipamentos, esquecendo que o uso do drone é apenas a primeira parte do processo, tendo uma série de softwares e algoritmos que são utilizados após a coleta das fotos. No fim o trabalho que é visto é apenas o do piloto, esquecem que tem uma equipe de engenharia por trás.
Como você classifica a atual legislação aplicável aos drones? Há algo que necessita mudar na sua visão?
C. Z.: Demorou alguns anos, mas hoje a legislação brasileira já está bem resolvida. Falta ainda uma flexibilização junto ao Ministério da Defesa, que não distingue empresas que realizam aerolevantamento com aviões/helicópteros das empresas que fazem a mesma tarefa com o uso de drones.
Faça suas considerações finais.
C. Z.: É importante sempre considerar a segurança de operação com drones, tanto do pessoal de solo (equipamentos sofrem defeitos e podem cair) como a segurança aeroviária. Para isso é importante sempre procurar empresas que tenham as licenças do DECEA para cada operação realizada, bem como o seguro obrigatório de drones.
No mais, a tecnologia veio para ficar, e cada vez mais veremos drones realizando tarefas que antes eram caras, demoradas e arriscadas.