Conforme as recentes notícias divulgadas sobretudo na imprensa americana, uma consultoria de estratégia eleitoral e marketing político chamada Cambridge Analytica fez uso de uma falha de privacidade do Facebook para ter acesso a mais de 80 milhões de dados de usuários americanos.
Hoje, Mark Zuckerberg, o famoso CEO e inspiração para o mundo empreendedor, prestou esclarecimentos aos membros do Senado americano a respeito dessa questão, em uma audiência que recebeu grande destaque em todo o mundo.
A polêmica promete tomar maiores proporções, já que se cogita fortemente que algumas notórias figuras do cenário político dos Estados Unidos teriam feito uso das informações obtidas de forma ilegal para se beneficiar em suas respectivas campanhas.
Tudo indica que se for confirmada a acusação de que a administração da rede social foi negligente e dessa forma permitiu que ocorresse o vazamento dessas informações, o Facebook responderá judicialmente por isso em várias esferas e amargará o pagamento de uma multa de valor assombroso, além das evidentes consequências mercadológicas.
Com isso, é reacendido o debate a respeito da privacidade das nossas informações no meio cibernético.
Porque onde quer que naveguemos, em algum momento deixamos alguma informação pertencente a nós depositada em um servidor remoto e de propriedade de terceiros. De cookies que simplesmente armazenam nossas preferências de navegação em uma página a informações cadastrais mais sensíveis, tudo é registrado de alguma forma.
Até que ponto temos total autonomia para permitir ou negar que nossas informações sejam usadas para determinado fim? Como podemos nos certificar da natureza desse fim? Quão violável está a nossa privacidade no mundo contemporâneo?
As respostas apropriadas para essas e outras perguntas rendem verdadeiras e extensas teses acadêmicas.
Mas já temos ciência de uma coisa: a privacidade, um direito típico de sociedades livres e democráticas e que deve ser posto como inalienável, se configura como um dos maiores debates do nosso tempo e que está longe de ter um cessar definitivo no curto e médio prazo.