Os ludopatas das moedas virtuais

As moedas virtuais são certamente interessantes. São opções alternativas de investimento e passam por um momento de grande valorização.

Jogue “Bitcoin” no Google e você verá de tudo: de pessoas que falam a respeito do tema como verdadeiros palestrantes com certificações técnicas a dezenas de corretoras especializadas nesse ativo, que chegam até a anunciar em placas de publicidade de partidas oficiais da elite do futebol brasileiro.

Houve uma popularização meteórica das informações sobre as moedas. E tenho certeza que isso atraiu gente que provavelmente nunca lidou com o universo dos investimentos ou mesmo qualquer outra coisa relacionada a ele.

Eu concordo plenamente quando se diz que é reservado a cada indivíduo o direito de aplicar seu dinheiro da forma que bem entender. É uma das vertentes da famosa liberdade econômica, direito de todos nós e que é um dever nosso defender.

Mas não posso deixar de notar uma euforia exagerada de alguns em relação às moedas virtuais, em especial após as recentes cotações estratosféricas de algumas delas.

Uma euforia que é, digamos, preocupante e que pode atingir sobretudo os mais incautos e indisciplinados.

Existe, hoje, quem dê às moedas virtuais o status de divindade fornecedora da prosperidade eterna. São pessoas que:

  • Não possuem peso na consciência ao cometer verdadeiras loucuras financeiras para angariar recursos que serão destinados à elas;
  • Ignoram a natureza volátil desse tipo de ativo, acreditando em valorizações infinitas e constantes;
  • Desrespeitam um princípio elementar de uma política de investimentos: a diversificação.

É visível que a postura dessas pessoas se assemelha, de uma forma assustadora, às pessoas que sofrem de ludopatia, os famosos viciados em jogo.

Pior são os que fazem sandices alegando uma postura ousada no ato de investir.

Pois eu digo: esses comportamentos nada têm a ver com ousadia. O nome disso é imprudência. E há uma diferença oceânica entre ousadia e imprudência.

No campo dos investimentos, ser ousado significa agir de forma mais receptiva ao risco, mas com planejamento e dentro de um limite pré-estabelecido, aceitável e racional.

Já ser imprudente é agir de forma desmensurada e irracional, rifando, sem qualquer lógica, algo essencial em nome de uma coisa maior que pode, em alguns casos, ser inalcançável ou absurdamente difícil de conseguir.

Você deve ter em mente que o bom investimento é, acima de tudo, aquele regido por critérios racionais, com respeito à sua capacidade e vida financeira.

Se você pretende investir em moedas virtuais, títulos do Tesouro Direto ou ações ordinárias de uma grande empresa na Bolsa, isso é irrelevante. Porque o princípio acima é universal e você deve colocá-lo como inalienável.

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