A Folha de São Paulo anuncia que deixará o Facebook, alegando que sua visibilidade diminuiu em virtude de mudanças realizadas pela administração da famosa rede social.
Estou longe de ser um especialista na esfera do jornalismo digital, mas creio ser visível que a Folha tem, sem sombra de dúvida, sua parcela de culpa pelo desgaste que está sofrendo.
Diminuíram a qualidade do conteúdo (com direito a erros crassos de português), deram espaço para temas que não são de interesse do público majoritário e passaram a se respaldar em chamadas sensacionalistas.
Após isso, passaram a colocar um limite mensal de leitura de conteúdos. Quando o limite é atingido, você é forçado a realizar um cadastro para continuar. Mesmo que seja algo simples, me parece óbvio que essa medida desencoraja os leitores pela criação de um entrave para os mesmos e, consequentemente, reduz o tráfego do portal e o interesse daqueles que lá anunciam. Me desculpem, mas quem idealizou isso nunca mais pode trabalhar em um veículo de comunicação digital.
Por fim, foram engolidos pela concorrência de portais de notícias e opiniões que, até certo tempo atrás, eram meros desconhecidos do grande público.
Ao invés de culpar terceiros pela sua queda de alcance e influência, a Folha deveria fazer uma reflexão a respeito do seu próprio papel no meio digital nesses últimos anos.
Precisa identificar, acima de tudo, quando decidiu abandonar a qualidade jornalística em prol do polemismo barato, esse que se mostra extremamente lucrativo pelos cliques, curtidas e compartilhamentos provocados.
Eu estou entre aqueles que acreditam ser perfeitamente possível entregar jornalismo de qualidade e, ao mesmo tempo, com grande alcance.
Por sua história na imprensa brasileira, a Folha é e sempre será um nome de prestígio. E é justamente por sua reputação que o veículo tem a obrigação de ser o berço do jornalismo pautado pelas melhores práticas e consumido por um público qualificado.