Há, no mercado segurador, o constante esforço para se disponibilizar prêmios atraentes para o consumidor final de seguros. São empregadas diversas técnicas para isso, como investimentos volumosos em TI e revisão de metodologias para refinar a precificação.
Dentro de uma companhia, temos várias áreas. No entanto, para tratar do tema desse artigo, destaco duas, que incidem diretamente sobre a precificação dos seguros. São elas:
- Área atuarial
Atua quase que ininterruptamente para avaliar uma infinidade de critérios estatísticos relacionados aos riscos e propor políticas de administração dos mesmos, incluindo questões como a sua dissolução na carteira e gerenciamento das reservas técnicas.
Sua atuação é de extrema importância, pois discorre a respeito daquilo que é, desde os tempos mais remotos, a razão da existência de um contrato de seguro: o risco.
- Área comercial
Dispõe sobre as estratégias comerciais dos produtos da companhia de acordo com os objetivos pré-estipulados dentro do planejamento anual, além de utilizar ferramentas de precificação internas para situações específicas apresentadas por corretores, entre outras funções.
Se relaciona frequentemente com os mesmos para a difusão dos seus produtos no mercado e sua atuação é balizada por várias áreas, sendo uma delas a atuarial através dos pareceres técnicos.
Dadas essas definições, vamos ao questionamento: quem “manda” na seguradora? A resposta? Ambas, juntas. Motivo? O relacionamento entre as duas áreas define como será a relação “aceitação de riscos x questões comerciais”, cujo equilíbrio é necessário.
Mas afinal, por que o equilíbrio da relação “aceitação de riscos x questões comerciais” é importante?
Para que seja mais fácil entender o ponto, é prudente ilustrarmos cenários de desequilíbrio entre os dois elementos e fazer algumas constatações usando pura lógica.
Cenário I: Priorizar a aceitação de riscos sobre as questões comerciais:
Uma seguradora que prioriza a aceitação de riscos sobre as questões comerciais terá problemas de rentabilidade, pois com pouca rigidez no critério de aceitação, terá em sua carteira segurados que causarão prejuízo com indenizações, comprometendo o ganho trazido por suas operações.
Terá, também, maior probabilidade de ocorrência de fraudes, já que na avaliação dos riscos está incluso o risco de má-fé do estipulante do seguro, definido através de parâmetros de avaliação de crédito e histórico nas outras companhias seguradoras.
Cenário II: Priorizar as questões comerciais sobre a aceitação de riscos:
Uma seguradora que prioriza seus ganhos comerciais sobre a aceitação de riscos terá pouca receptividade entre os segurados e corretores em virtude de prêmios elevados em relação à concorrência.
Com pouca angariação de segurados, também terá menor fluxo de recebimento de prêmios, prejudicando sua elasticidade de aceitação de risco, e, por consequência, limitando o crescimento de sua carteira. Juntando isso a um reajuste causado por uma sinistralidade dessa carteira que exceda as expectativas previstas, o cenário é ainda mais grave.
Conclusão
Com o equilíbrio entre os dois elementos, pode-se extrair os benefícios naturais de ambos, podando as anomalias causadas pela priorização errônea de um deles.
As duas áreas, responsáveis pelos elementos dessa relação, são igualmente relevantes e a sinergia entre ambas é vital para uma seguradora, pois o exercício de suas respectivas competências reflete diretamente na saúde financeira da companhia, definindo seu rumo enquanto organização.